BOLETIM CLIMÁTICO PARA O INVERNO 2018
Início 07 h 07 min de 21 de junho de 2018 término 22 h e 54 min de 22 de setembro de 2018
Características do inverno no Paraná
No Paraná os meses de inverno são historicamente caracterizados pelos baixos valores acumulados mensais das chuvas. Em junho as chuvas acumuladas médias mensais variam um mínimo de 80 a 100 mm ao longo do Vale do Paranapanema a uma faixa média máxima de 140 a 180 mm no sudoeste. Em julho, mês historicamente menos chuvoso, varia de 40 a 50 mm no norte, divisa com o MS, até uma faixa média de 100 a 140 mm no sudoeste e em agosto de valores mínimos médios variando 60 a 80 mm no norte até uma faixa máxima média de 110 a 140 mm no sudoeste. Em setembro as precipitações médias variam na faixa de 80 a 100 mm numa estreita região ao longo da bacia do médio e do alto Paranapanema, na divisa com o sul de São Paulo até uma faixa máxima 140 a 180 no sudoeste.(Fonte: INMET).
Quanto às temperaturas médias mensais: Os menores valores médios mensais de junho variam de 10 a 12 ºC no sul a 16 a 18 ºC no noroeste (divisa com o MS). Em julho: 8 a 10 ºC no sul a 16 a 18 ºC no noroeste e para o mês de agosto: 12 a 14 ºC no sul a 18 a 20 ºC ao longo do Vale do Paranapanema. Em setembro as temperaturas se elevam naturalmente; variam de 14 a 16 ºC no sul a 18 a 20 ºC no norte.(Fonte: INMET) Nos meses de inverno, em anos climatologicamente normais, as geadas são mais frequentes no sul e na região central apesar de alcançarem até vales ao leste da Serra do Mar (vertente oceânica). Apesar da grande geada de julho de 1975 este não foi o ano dos registros das menores temperaturas. Segundo os registros históricos do INMET, a estação meteorológica convencional de Curitiba registrou – 5,4 ºC em setembro de 1972. Londrina de – 2,8 ºC em junho de 1967, Maringá – 0,2 ºC em agosto de 1984, Ponta Grossa – 5,7 ºC em junho de 1967 e em Paranaguá – 0,1 ºC em julho de 1971.
As estações meteorológicas automáticas do SIMEPAR, em sua grande maioria, começaram seu histórico a partir de 1997. Desde este período alguns registros foram significativos: Curitiba – 2,6 ºC em 17 de julho de 2000, Londrina de – 1,3 ºC em 17 de julho de 2000, Maringá – 0,5 ºC em 24 de julho de 2013, Cascavel – 2,9 ºC em 17 de julho de 2000, Ponta Grossa – 4,1 ºC em 17 de julho de 2000 e em Paranaguá de 4,8 ºC em 24 de julho de 2013. Portanto, neste curto período de registros das estações meteorológicas automáticas do SIMEPAR, os meses de julho de 2000 e de 2013 foram os das menores temperaturas absolutas (dados computados até o dia 20/06/2018).
O destaque do inverno vai para um dos municípios paranaenses onde os registros históricos são os mais expressivos: Palmas, no sul do estado. No ano de junho de 1967 a temperatura mínima absoluta chegou aos – 8,2 ºC, em julho de 1963 de – 8,5 ºC, em agosto de 1963 de – 8,9 ºC e em setembro de 1964 de – 5,7 ºC.
Resumo dos meses abril, maio e junho (até 17/06)
Abril/2018 apresentou baixos valores de chuvas acumulados sobre a grande maioria das regiões paranaenses. Na estação meteorológica automática de Foz do Iguaçu foram contabilizados apenas 4,6 mm; Toledo 49,0 mm, Cascavel 35,8 mm, Curitiba 20,4 mm e em Palmas 18,6 mm. O único setor onde as chuvas superaram a média foi no leste, entre a Serra do Mar às praias. Em Guaratuba o volume total de chuva acumulado alcançou os 236,8 mm. Na Fig. 1 o total acumulado das chuvas coletados nas estações meteorológicas automáticas do SIMEPAR e o desvio em relação à média. Nos dias 20 e 21 uma massa de ar frio, que passou pelo extremo sul do Brasil provocou a “primeira onda” de frio no sul do Paraná. Ao longo da divisa com Santa Catarina, as temperaturas mínimas oscilaram entre 08 a 07 ºC.
Fig. 1 – Chuva acumulada e desvio em relação à média
Assim como ocorreu no mês anterior choveu muito pouco em maio, Fig. 2. O litoral norte foi o único setor onde o acumulado das chuvas foi significativo. As precipitações se concentraram na primeira quinzena por conta de uma frente fria que se deslocou pelo Paraná entre os dias 12 e 13. Na segunda quinzena os sistemas de menor escala espacial e temporal (linhas de instabilidade e aglomerados de nuvens) foram os principais mantenedores das chuvas (poucas) registradas. No leste, além dos sistemas meteorológicos citados, o fluxo de umidade manteve a alimentação bastante ativa fato que favoreceu a formação de nuvens entre as praias à Serra do Mar.
Na madrugada do dia 19 foram registradas as primeiras geadas (fracas) nas regiões de Guarapuava e na de Palmas. O dia 20 amanheceu com temperaturas muito baixas do centro em direção ao sul do estado. Segundo dia com registro de geadas fracas nas regiões central e na sul. Nos dias 21, 22 e 23 foi o período do frio mais intenso do mês. Destaque para os valores negativos na madrugada do dia 22: Lapa – 2,1 ºC e Entre Rios – 0,6 ºC . Geadas mais amplas e moderadas entre o centro, o sul e o sudeste.
Fig. 2 – Chuva acumulada e desvio em relação à média
Os primeiros 17 dias de junho indicaram valores de chuvas um pouco mais regulares comparativamente às precipitações dos meses de abril e de maio. Entre os dias 11 e 12 áreas de instabilidade que antecederam a evolução de uma frente fria causaram fortes temporais que atingiram principalmente o oeste, o centro e parte do norte do estado. A velocidade máxima dos ventos registradas em algumas estações meteorológicas no dia 12/06: Entre Rios 79,2 km/h, Diamante do Norte 94,7 km/h, Laranjeiras do Sul 88,2 km/h e em Clevelândia 79,6 km/h.
A Fig. 3 já mostra uma aproximação da média histórica a menos do sudoeste onde choveu muito pouco. Na manhã do dia 08/06 foi contabilizado o frio mais intenso do ano. Destaque para Entre Rios – 3,4 ºC, Guarapuava – 1,2 ºC, Palmas – 3,1 ºC e São Mateus do Sul – 2,1 ºC as geadas foram amplas e foram observadas no oeste, no sudoeste, no sul da região norte (fracas – fundos de vales) e no centro leste (até a Região Metropolitana de Curitiba).
Fig. 3 - Chuva acumulada e desvio em relação à média
Intensidade e anos de El Niño e de La Niña
O ìndice Oceânico Niño (ION) é utilizado pela NOAA para identificar o El Niño (quente) e La Niña (frio) para eventos no Oceano Pacífico Tropical. O valores são organizados em médias trimestrais de anomalia de Temperatura Média Superfície do Mar (TSM) para a região do Niño 3+4 (5º N – 5º S, 120º O – 170º O) conforme indicado na Fig. 4.
Fig. 4 – Áreas de Monitoramento
Atualizações das condições do El Niño
O boletim emitido pelo Centro de Pevisão Climática/NCEP/NWS em 14 de junho de 2018, indica que os últimos índices semanais de El Niño entiveram entre + 0,2 ºC e 0,0 ºC, exceto para o índice de El Niño - 1+2, que se manteve negativo ( - 0,5 C; Fig. 5). As anomalias da Temperatura da superfície (em torno dos 180º - 100º O) permaneceram positivas e aumentaram mais que no mês passado (Fig. 6). O aumento das temperaturas foi reforçado pela condição dinâmica (afundamento de uma onda oceânica Kelvin), as quais estavam mais altas do que a média (Fig. 7).
A convecção se manteve suprimida perto da linha de data (linha imaginária no Oceano Pacífico que separa o continente americano da Oceania e da Ásia) e aumentou sobre a Indonésia (Fig. 8). Os ventos, nos níveis baixos e altos da atmosfera estiveram próximos à média no Oceano Pacífico equatorial.
Em geral, as condições oceânicas e atmosféricas refletem condições de ENSO-NEUTRO. A maioria dos modelos do IRI/CPC predizem que as condições ENSO-NEUTRO continuarão no inverno, com El Niño provavelmente desenvolvendo-se depois disso (Fig. 9). O consenso dos prognósticos favorece o desenvolvimento do El Niño durante a primavera e o mesmo continuará no verão. Estes prognósticos são apoiados pelo acúmulo de calor no interior do Pacífico tropical.
Em resumo, condições ENSO – NEUTRO favoráveis para o inverno de 2018, com a possibilidade de El Niño aumentando para 50 % para a primavera e 65 % durante o verão.
Esta discussão é um esforço consolidado da Administração nacional Oceânicas e Atmosférica (NOAA – em inglês), o Serviço Nacional de Meteorologia da NOAA e suas instituições afiliadas.
Fig. 5 - Anomalias ( ºC ) médias da Temperatura da Superfície do Oceano (TSM) para a semana centrada em 06 de junho de 2018. As anomalias são calculadas utilizando como referência os períodos médios semanais de 1981 a 2010
Fig. 6 – Série temporal das anomalias das temperaturas ( ºC ) da superfície do Oceano (TSM) em uma área média nas regiões de El Niño [Niño - 1+2 (0° - 10°S, 90°O - 80° O), Niño 3 (5°N - 5°S, 150°O - 90°O), Niño - 3.4 (5°N - 5°S, 170°O - 120°O), Niño - 4 (150°O - 160°L e 5°N - 5°S)]. As anomalias de TSM são as variações das médias semanais do período base de 1981 - 2010
Fig. 7 – Anomalias do conteúdo calórico ( ºC ) em uma área média do Pacífico equatorial ( 5°N - 5°S, 180° - 100°O ). As anomalias são calculadas os desvios das pêntadas médias do período base de 1981 – 2010.
Fig. 8 – Anomalias da temperatura (ºC) em uma seção vertical de profundidade- longitudinal ( 0 – 300 m ) na parte superior do Oceano Pacífico equatorial, centradas na semana de 07 de junho de 2018.As anomalias são mediadas entre 5 ºN - 5 ºS. As anomalias são variações das pêntadas durante o período base de 1981 – 2010.
Fig. 9 – Anomalias da radiação de onda longa emitida (ROL) (W/m2) durante o período de 13 de maio – 07 de junho de 2018. As anomalias de ROL são calculadas como desvios das pêntadas médias do período base de 1981 – 2010.
Fig. 10 – Prognósticos das anomalias das temperaturas da superfície do oceano (TSM) na região de El Niño 3.4 (5°N - 5°S, 120°O - 170°O). Figura atualizada em 18 de maio de 2018.
Previsão Probabilística da Precipitação
O modelo probabilístico do Instituto Nacional de Meteorologia, www.inmet.gov.br (acessado em junho/2018) apresenta a previsão da precipitação para o trimestre julho – agosto – setembro/2018. Para a Região Sul o predomínio é da distribuição abaixo da normal. Para o Paraná a probabilidade predominante situa-se na faixa de 40 a 45 % para que o trimestre seja menos chuvoso do que a Normal conforme mostrado na Fig. 11.
Fig. 11 – Previsão Probabilística em Tercis – Precipitação – Atualização - junho/2018 - Validade julho – agosto – setembro/2018 (Fonte: INMET)
Conclusão
De acordo com as condições analisadas e previstas para o El Niño/Niña na posição de neutralidade no inverno e uma tendência probabilística ( 40 a 40 %) para que as chuvas se distribuam abaixo da Normal no trimestre, indicamos que as chuvas devam se distribuir próximas à distribuição da média histórica no Paraná. As temperaturas seguem a tendência da normalidade ou seja, devem seguir a característica média o que não aconteceu no ano anterior onde se postaram acima da média. Veja mais ...